Dia nublado, cheiro de preguiça no ar. Tudo parece se movimentar tão lentamente... O barulho da maria fumaça avisando que vai sair, carros passando na rua e o som do teclado. É apenas isso que ouço. Ao mesmo tempo que o silêncio traz paz, traz aflição, agonia. Ouço agora o som do relógio, lá longe... Uma moto e alguém varrendo a rua. Por que será que é tão difícil ficar em silêncio total?
O silêncio não depende só de nós. Depende de todo um mundo exterior, um mundo que não vai ficar em silêncio pra você pensar tranquilamente nos seus problemas; um mundo que não vai se calar quando você precisar; um mundo em movimento constante, que não vai parar se você quiser sair dele. E quando a necessidade é um silêncio interior, e, no entanto, você se pega não conseguindo ficar quieto?!
Invejo quem sabe fazer um silêncio interior. Me pego constantemente gritando comigo mesma, exigindo, brigando, reclamando. E não me lembro de alguma vez ter me calado. Se calar por dentro e meditar é um dom, creio eu, para poucos. E essas pessoas, tão presenteadas com esse poder, simplesmente não se incomodam com os barulhos do mundo. Não se incomodam com o barulho das outra pessoas, e isso é o mais relevante.
Se calar quando o outro grita, se calar quando o outro chora, se calar quando o outro reclama. Até que ponto isso é bom?! O ser humano em si perdeu a noção de quando se calar. Não nos calamos mais praticamente para nada. Não nos calamos diante os defeitos do outro, não nos calamos ao ver alguém nos provocar, não nos calamos quando a opinião do outro é diferente da nossa. Temos sempre que nos auto-afirmar, temos que mostrar para nós mesmo que nós somos melhores do que qualquer outro. Pura tolice.
É ignorância se sentir pior que o outro; mais ignorância ainda é se sentir melhor que o outro. É ignorância nos calarmos quando alguém precisa da nossa ajuda; mais ignorância ainda, decidirmos gritar enquanto o outro também grita. A fórmula certa, existe. Basta você procurar dentro de si.
Não, não tenho uma lição de moral para dar no final desse texto. Fica na cabeça de cada um. Creio que cada um saiba a hora de se calar e a hora de se manifestar, internamente e externamente. O próximo e o mundo (que podem não ser tão silenciosos assim) agradecem.
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