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quarta-feira, 7 de abril de 2010

Sozinha acompanhada.

Sozinha.



Não sem amigos, não sem família, não sem companhia. Apenas sozinha.


Apesar de não se lembrar mais da diferença entre ser sozinha e estar sozinha, tão sozinha não estava.


Uma sozinha acompanhada.


Mas não queria mais. Não queria mais a companhia de pessoas distantes (física e sentimentalmente); não queria mais aquele mundinho pacato onde tudo e todos eram sempre os mesmos; não queria a rotina, mesmo que a considerasse consoladora, quando ficaria à espera de um novo amanhã.


Um amanhã novo, ainda assim tão igual a todos os dias... Isso a cansava. Desgastava, revoltava, repugnava. Como podia um novo dia ser tão igual aos outros?


Não podia.


Mas ela procurava a solidão. Como seu refúgio, como sua paz, como se o seu êxtase diário fosse encontrado naquele momento. Naquele momento com pessoas frias, as mesmas caras de quando tinha 8 anos. Procurava a solidão se relacionando com as outras pessoas, sentindo a breve necessidade de sorrir para aquela amiga de anos... Breve.


Sempre contraditória, sempre em lutas com seus pensamentos e sentimentos. Tinha nojo daquela vida de sempre, e ao mesmo tempo, a vivia com intensidade. Intensidade em sua solidão.


Se relacionava, falava, ria, debatia. Friamente. Estava sozinha, ainda que falasse com pessoas quase o tempo todo. Uma falante calada. Ainda que essas pessoas fossem os amigos de tanto tempo. Ainda que olhasse ao seu redor e visse todos fingindo se importar.


Uma sozinha acompanhada.


Só queria fugir daquilo tudo. Ainda que seu clímax diário fosse aquela vida de sempre.


Pensamentos contraditórios...


Uma sozinha acompanhada.

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