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sábado, 10 de abril de 2010

Saudades.

Saudade do tempo, da alegria, do vento na cara, esvoaçando os cabelos e fazendo sorrir; saudade do amor, do calor, do toque e do contato; saudade da velha amizade, das brigas inúteis, dos tapas mal dados e das risadas incontroláveis; saudade até da nova amizade, que se encontra sempre, mas que ainda assim, faz falta... e dá saudade; saudade da velha paz interior, do sentimento de que está se fazendo certo, do sentimento certo, do doce amor sem maldade; saudade do mundo como era, saudade do que era bom, e só bom; saudade do sentimento de família, de unidade, da sensação de plenitude no que se vive e no que se faz; saudade daquela garra, da vontade de ser alguém, saudade de ter na mente a decisão sobre o que se vai fazer depois.



Saudade.


Me dirijo à pessoas específicas, e ainda assim, fazem parte de um todo. Me dirijo a quilômetros de distância, e a poucos metros. Me dirijo ao interior, ao exterior, me dirijo a mim.


Saudade de sentir saudade de um modo avassalador, de um modo dolorido, de um modo arisco, com medo de tudo. Saudade de não desejar sentir algo a mais, saudade de ser o que era, sem medo de arriscar ou de usar palavras nuas e cruas.


É só saudade.


E com o passar dos dias, a saudade aumenta, a dor aumenta, a tristeza dói. E contraditoriamente, tudo é anestesiado. Com a esperança de que, mais cedo ou mais tarde, vai passar.


A saudade íntima, a dor forte e a vontade de viver tudo novamente, vão ficar. Um ou dois dias depois, vai voltar. Mas ainda assim, querer sentir novamente não é pecado. Pelo contrário. É amor, e no amor não há pecado. Há esperança.


E a esperança é o único motivo que me move. Que ainda me tira do lugar. Que ainda me deixa pensar que aquela amiga de anos vai ser a mesma; que a saudade interior se torna tão íntima que quase some dentro de si mesmo; que a amiga de pouco tempo logo vai voltar pra curar as mágoas. E que aí, então, tudo vai ser como era antes. Talvez melhor.


Ainda há esperança pra saudade.

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