Qual é o problema que as pessoas tem ao amar o desconhecido? Por que só o bonito, o forte, o ideal deve ser amado? Espera-se que os príncipes encantados venham resgastar as mocinhas dos castelos e as levem em seu cavalo branco para seu castelo. E na realidade, quando o príncipe é um sapo, um lobo mau ou um pouco pior que isso, é esperado que a mocinha se afaste e volte a esperar o príncipe. Por quê?
Toda mocinha que se preze (e toda a família de toda mocinha, diga-se de passagem) se decepciona quando o príncipe não vem. "Espere mais um pouco...", uns dizem. "Calma, tem tantos peixes no oceano...", ou até "Ele não é pra você: feio demais, esquisito, não é de família conhecida e já bombou duas vezes!". Como se o caráter de alguma pessoa estivesse definido na aparência, no time de futebol pro qual torce ou pra quantas garotas ele namorou antes. A família pode até ser levada em conta, mas até que ponto isso influencia realmente? Nada vai influenciar no modo de amar desses jovens, e quem sabe, um incentivo contra vai ser ainda pior.
Será que ninguém percebeu que estamos no mundo real? O que pode acontecer, no máximo, é o ficante da mocinha ir buscá-la num carro branco. Se ele tiver carro. E se ainda não tiver batido o próprio carro no poste que "entrou na frente do carro" depois daquela festa.
Não devia mais se esperar príncipes em cavalos brancos. Não devia mais se esperar que se amasse o esperado. O esperado já não tem graça para a maioria de nós, homens ou mulheres, que esperamos um pouco mais de cada um, e muito mais de todos. Só falta todos caírem na real. As mocinhas e as famílias delas.
Não se arruma mais namorado como antigamente e nem se namora como antes. Donzelas já não se casam donzelas (com o perdão do trocadilho infame), a maioria dos príncipes virou sapo (na opinião dos pais, claro) e o mundo se adaptou. Por que então as famílias ainda insistem em viver na era medieval?O diferente também pode (e deve) ser amado, aceitado, louvado. E deve entrar pra família que ainda segue os dogmas tradicionais. Por que não amá-lo? Porque ele é diferente, porque não se veste como a gente, porque não mora no mesmo lugar, porque não se expressa como nós e porque não se sabe nada sobre ele. Pobre mocinha indefesa! Sua família ainda não sabe que ela já se tornara mulher, que ela quer tomar suas próprias decisões e que, mesmo que ela não saiba onde está se metendo, tem consciência de que o terreno é perigoso, mas já é segura de si mesma. Ainda que ela precise da família acima de tudo, ela sabe que as pessoas, as opiniões e os tempos mudam. As escolhas também.
Todo mundo tem seu direito de voltar atrás, e mesmo a mocinha não entendendo nada de leis, ela sabe que é seu direito chorar, odiar, se revoltar, suplicar, voltar atrás e... amar. Mesmo que ela não ame quem todos esperem que seja seu predestinado, ela tem o direito de amar.
O diferente ainda assusta os mais desavisados. E num mundo onde as diferenças já são bem maiores do que a igualdade, o que assusta mesmo é que ainda existam pessoas que pensam assim.
Príncipes encantados não existem. E nem todos os caras são sapos. Basta dar espaço aos caras de hoje, porque eles podem até errar mais do que acertam, mas ainda há acertos. E enquanto houverem acertos, as mocinhas ainda podem ser muito felizes.
Precisei comentar aqui u-u Mas nao vou falar o que eu pensei, kkk.
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